segunda-feira, 14 de julho de 2008

CRÔNICA - O PRIMEIRO CÍRIO

O Primeiro Círio

Neste segundo domingo de outubro, a comunidade católica de Belém renova impressionante demonstração de fé e devoção no Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Recorda-se que, desde os instantes iniciais de sua fundação, o culto mariano marca presença, em nossa cidade, com a invocação a Nossa Senhora de Belém do Grão Pará.
Pela manhã, da Catedral à Basílica, multidão canta louvores e recita orações, alguns conduzindo ex-votos, na romaria, dos devotos, com Maria Santíssima, se reencontram com Jesus, o Cristo da eterna aliança e que deixou, aos discípulos, a recomendação para divulgar sua mensagem de Paz – segundo a Igreja ensina, há milênios, em sua missão apostólica.
Na história do grande acontecimento, talvez um dos maiores do mundo católico, consta que o então governador da Província do Grão Pará, Dom Francisco Coutinho, ficou bastante impressionado com a visita dos devotos, na ermida, construída por Plácido, onde se encontrava a imagem da Mãe Divina. Pensou na possibilidade de realizar festejos de tal forma que popularizasse a devoção. Uma feira atrairia habitantes do interior que poderiam comercializar os produtos de suas lavouras, paralelamente às práticas litúrgicas. Estava tudo organizado com aprovação das autoridades eclesiásticas. Às vésperas dos eventos, o governador adoeceu, ficando impossibilitado de comparecer às festividades. Recorreu a N. S. de Nazaré e fez uma promessa: iria até a ermida, onde se encontrava a imagem e a conduziria até a capela do Palácio do Governo, caso melhorasse da enfermidade. Graça alcançada, o governador cumpriu promessa. Foi o primeiro Círio, na capital paraense, exatamente no dia 8 de setembro de 1793.
Pádua Costa

sábado, 28 de junho de 2008

CRÔNICA - RECOMEÇAR

Recomeçar
Trata-se de um dos temas a motivar reflexões, de um comportamento que nos proporciona a oportunidade de reviver novas experiências, no contexto de uma vida em que a ciência, aliada aos novos rumos da tecnologia, exige do ser humano um preparo a fim de entender os novos desafios do dia-a-dia.
Será que RECOMEÇAR “é dar uma nova chance a si mesmo?...” Vale acompanhar o pensamento do poeta maior Carlos Drumond de Andrade:
“Não importa onde você parou... em que momento da vida você cansou... o que importa é que sempre é possível e necessário “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo... é renovar as esperanças na vida e o mais importante... acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado... Chorou muito? Foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes? É porque fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido? Era o início de tua melhora,,,
Pois é... agora é hora de reiniciar... de pensar na luz... de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal um corte de cabelo arrojado... diferente? Roupas novas? Um novo curso... uma qualquer outra coisa. Olha quanto desafio... quanta coisa nova nesse mundo te esperando.
Está se sentindo sozinho? Besteira... tem tanta gente que você afastou com o seu “período de isolamento”...tem tanta gente esperando apenas um sorriso seu para “chegar” perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza... ficamos horríveis... o mau humor vai comendo nosso fígado... até a boca fica amarga. Recomeçar...
Hoje é um bom dia para começar novos desafios. Onde você quer chegar?
Vá alto... sonhe alto... queira o melhor do melhor... se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor... Só o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental... joga fora tudo que te prende ao passado... ao mundinho de coisas tristes... fotos... peças de roupa, bilhetes de viagem e toda aquela tranqueira que guardamos... jogue tudo fora... mas principalmente... esvazie seu coração... e fique pronto pra VIDA!
“Porque eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que os outros me enxergam.”
Na simplicidade desse texto de reflexões o poeta maior perenizou verdades incontestáveis a nos prender nesse “mundinho” ao qual nos apegamos. A Grande Arte é esvaziar o coração e ficar pronto e/ou saber usufruir da VIDA, com a Paz Universal, “não do tamanho que os outros me enxergam.”.
Pádua Costa

CRÔNICA - O AMIGO E O HOMEM PÚBLICO

Aurélio Corrêa do Carmo:
O amigo e o homem público

De quando em vez, verifica-se a divulgação de comentários sobre a realidade brasileira, no sentido de que se trata de um país de inevitáveis desenvolvimentos sem que uma infra-estrutura acompanhe estas etapas de novos caminhos em termos de sua economia. Por exemplo: hoje em dia, muito se fala na biodiversidade da Amazônia Legal e as vantagens do seu aproveitamento econômico. Todavia, tais observações, não poucas vezes, se perdem no tempo com interferências políticas inoportunas, evidentemente inadequadas para atender situações que reclamam procedimentos à base de racionalização do serviço público. Resultado: o único recurso dos mal - intencionados reside em críticas, direcionadas à desmoralização dos que exercem atividades no Poder Executivo, como se isso resolvesse os problemas de interesse coletivo. E a história se repete quando o grupo da oposição assume a situação política dos destinos nacionais.
Pessoalmente, Aurélio Corrêa do Carmo sempre foi um exemplo inatacável de extraordinária simplicidade. Eu o conheci quando já havia se graduado, em 1944, pela nossa antiga Faculdade de Direito, no ano de 1944, e exercia o cargo de promotor público da Comarca de Castanhal. Ainda solteiro, em suas permanências, em Belém, procurava a noiva, Maria de Lourdes, no Colégio “Paes de Carvalho” – Lourdes era minha colega de turma no estabelecimento. Uma respeitosa amizade marcou o nosso relacionamento, durante longo tempo.
Na função pública, o Dr. Aurélio sempre foi cordial com os colegas, competente e estudioso, exercendo cargos da maior importância, como a de Secretário do Interior e Justiça – se não me falha a memória – em um dos governos de Magalhães Barata, de quem era amigo. O nosso general Moura Carvalho foi outro amigo e figura da maior representatividade na política que conduziu Aurélio do Carmo ao Governo do Estado.
Encontrava-me no Gabinete do governador Moura Carvalho quando, certa manhã, o colega Aurélio do Carmo me procurou, em Palácio, informando que seria candidato, ao Governo do Estado e precisava de um colega de confiança para assumir o seu escritório de advocacia. Imediatamente, encerrei atividades no meu escritório particular para atender o amigo, vitorioso no pleito.
Não durou muito tempo, fui convocado para exercer a Chefia de seu Gabinete, com a exoneração do meu colega de turma (desde o “Paes de Carvalho” até na Faculdade de Direito), Paulo César de Oliveira que resolveu se candidatar a uma das vagas de deputado estadual.
Na Chefia do Gabinete, naturalmente com o prestígio do governador Aurélio do Carmo, consegui disciplinar o horário das audiências, com escala, antecipadamente, publicada na imprensa. Estive no Instituto “Rio Branco”, a capital federal ainda no Rio de Janeiro, onde obtive o cerimonial para adaptar às exigências do Governo em Belém.
Numa tarde, depois do almoço, recebi um telefonema da residência governamental. O Chefe do Executivo solicitava o meu comparecimento, o que o fiz de imediato. O governador solicitava que assumisse a Secretaria de Estado de Educação e Cultura. Ponderei a Sua Excelência a necessidade de prosseguir o trabalho de reforma no seu Gabinete, onde me encontrava apenas num período de três meses; sugeri que convidasse um professor. Dr. Aurélio disse-me então que considerava a falta de ânimo, de minha parte, para assumir o cargo. Então, o pedido estava desfeito. Em seguida, chegou a oportunidade de esclarecer que não se tratava de “falta de ânimo”, estaria disposto a aceitar o cargo. Estava presente, na ocasião, o secretário de Estado de Segurança Pública, Evandro do Carmo que, depois do encontro, do jeito dele, me falou:
De minha parte, no setor de Educação e Cultura, o Governo de Aurélio do Carmo, realizou: um programa de Alfabetização de Adultos, inclusive no interior do Estado; superação do déficit escolar, em mesmas condições (a professora Rosinha Pereira, além de sua participação política na Legião Magalhães Barata, o seu trabalho, na área da Educação, merece referência; treinamento de um grupo professores paulistas em Bragança e Capanema, incluindo, principalmente, os professores leigos.
A programação cultural, no governo de Aurélio do Carmo, foi efetivada, logo de início, contando com a participação de professores e estudantes, nas exibições da “Marujada” – dança popular bragantina, por ocasião dos festejos de São Benedito, no princípio do mês de dezembro – através de exibições tanto em Bragança como em Capanema.
Em diversos municípios do interior paraense, não faltou um trabalho de conscientização sobre a relevância da Educação e Cultura em termos de desenvolvimento econômico. Daí ações administrativas em favor do ensino pré-escolar, alfabetização de adultos e inauguração de estabelecimentos de ensino médio na capital e no interior. Houve a compreensão de que SEM EDUCAÇÃO NÃO PODERÁ HAVER DESENVOLVIMENTO.

Pádua Costa

segunda-feira, 23 de junho de 2008

POEMA 5

FUMAÇA DE CIGARRO

Nunca,
nunca pensei
que a tua amizade
fosse tão volátil
como a fumaça de cigarro

Quais bailarinas,
aos poucos,
esquecidas no espaço,
a tua amizade
se desfaz,
como um sonho
que não volta mais...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

POEMA 4

VENDEDORA DE ILUSÕES

Não encontrei, nos teus seios,
mais o perfume dos lírios.
És tão linda e bem mulher.
Mas a mentira, muito cedo,
ensombreceu as tuas carícias.
Vendedora de ilusões,
fazes de tua vida
uma angústia com disfarce de alegrias.

POEMA 3

PAI MANOEL

Quando nasceu, uma luz fulgurante brilhou no céu deste Brasil, predestinado às glórias de Deus.
Muita gente viu e disse que era um cometa.
O pensamento lapidava.
Ninguém se conhecia, como ainda hoje acontece.
Sua juventude não tem fim.
Duas estrelas se escondem na face bronzeada de um missionário que ensina e comprova o antes do ser deste mundo que passa.
Sofreu vicissitudes de um homem comum, mas é divino.
Sempre o foi, há milênios.
A consciência super cósmica é a sua própria consciência.
Transmite a cultura do Terceiro Milênio, unindo o mundo de origem, planície pura, limpa e perfeita, com este que se deformou, pelo esquecimento da responsabilidade do livre arbítrio.
Suas mãos, trêmulas de luz, também falam, elevam, alentam os que sofrem.
Suas mãos, trêmulas de luz, conduzem os filhos pródigos, que fizerem por onde se conhecer, ao caminho de volta à casa do Pai.
O seu amor não tem fim porque vem de cima, de onde as alturas do infinito não atingem, desse infinito que a deformação dos homens inventou para justificar as aparências, as ilusões do nada.
Tem a simplicidade dos sábios e é por isso que os escolhidos, sem demora, lhe entendem, para o sublime encontro, no deslumbramento da Apoteose Racional!

POEMA 2

CARTA DA MINHA AUSÊNCIA

O exílio de meu sofrimento é um jardim diferente dos outros jardins.
Não tem canteiros de flores, rosas, papoulas, boas-noites, como aqueles que encantavam os passeios da minha infância, ao ser conduzido, pelas mãos carinhosas de Mãe Preta, nas calorosas tardes de uma Belém não muito distante.
No jardim do meu exílio, tem gramados verdejantes, em que passarelas de cimento fazem caminhos para criaturas vestidas de branco e que acreditam na eternidade de um mundo, diferente deste, de ilusões, na inquietude das transformações.
O dono do jardim do meu exílio é um Pai, bronzeado pela energia de uma Planície Transcendental.
Este Pai planta nos verdes gramados, que encobrem hoje o longínquo passado de uma civilização extinta, flores de luz, alegrando um futuro bem próximo, em que se dará o apoteótico encontro, com a eternidade perdida.
E nesse jardim tão diferente do meu exílio, lembrando o lar distante que eu sonhei vozes familiares, os livros, a cadeira amiga, na qual curti momentos de solidão, eu escrevi este poema como se fosse uma carta, a carta da minha ausência.