sábado, 28 de junho de 2008

CRÔNICA - O AMIGO E O HOMEM PÚBLICO

Aurélio Corrêa do Carmo:
O amigo e o homem público

De quando em vez, verifica-se a divulgação de comentários sobre a realidade brasileira, no sentido de que se trata de um país de inevitáveis desenvolvimentos sem que uma infra-estrutura acompanhe estas etapas de novos caminhos em termos de sua economia. Por exemplo: hoje em dia, muito se fala na biodiversidade da Amazônia Legal e as vantagens do seu aproveitamento econômico. Todavia, tais observações, não poucas vezes, se perdem no tempo com interferências políticas inoportunas, evidentemente inadequadas para atender situações que reclamam procedimentos à base de racionalização do serviço público. Resultado: o único recurso dos mal - intencionados reside em críticas, direcionadas à desmoralização dos que exercem atividades no Poder Executivo, como se isso resolvesse os problemas de interesse coletivo. E a história se repete quando o grupo da oposição assume a situação política dos destinos nacionais.
Pessoalmente, Aurélio Corrêa do Carmo sempre foi um exemplo inatacável de extraordinária simplicidade. Eu o conheci quando já havia se graduado, em 1944, pela nossa antiga Faculdade de Direito, no ano de 1944, e exercia o cargo de promotor público da Comarca de Castanhal. Ainda solteiro, em suas permanências, em Belém, procurava a noiva, Maria de Lourdes, no Colégio “Paes de Carvalho” – Lourdes era minha colega de turma no estabelecimento. Uma respeitosa amizade marcou o nosso relacionamento, durante longo tempo.
Na função pública, o Dr. Aurélio sempre foi cordial com os colegas, competente e estudioso, exercendo cargos da maior importância, como a de Secretário do Interior e Justiça – se não me falha a memória – em um dos governos de Magalhães Barata, de quem era amigo. O nosso general Moura Carvalho foi outro amigo e figura da maior representatividade na política que conduziu Aurélio do Carmo ao Governo do Estado.
Encontrava-me no Gabinete do governador Moura Carvalho quando, certa manhã, o colega Aurélio do Carmo me procurou, em Palácio, informando que seria candidato, ao Governo do Estado e precisava de um colega de confiança para assumir o seu escritório de advocacia. Imediatamente, encerrei atividades no meu escritório particular para atender o amigo, vitorioso no pleito.
Não durou muito tempo, fui convocado para exercer a Chefia de seu Gabinete, com a exoneração do meu colega de turma (desde o “Paes de Carvalho” até na Faculdade de Direito), Paulo César de Oliveira que resolveu se candidatar a uma das vagas de deputado estadual.
Na Chefia do Gabinete, naturalmente com o prestígio do governador Aurélio do Carmo, consegui disciplinar o horário das audiências, com escala, antecipadamente, publicada na imprensa. Estive no Instituto “Rio Branco”, a capital federal ainda no Rio de Janeiro, onde obtive o cerimonial para adaptar às exigências do Governo em Belém.
Numa tarde, depois do almoço, recebi um telefonema da residência governamental. O Chefe do Executivo solicitava o meu comparecimento, o que o fiz de imediato. O governador solicitava que assumisse a Secretaria de Estado de Educação e Cultura. Ponderei a Sua Excelência a necessidade de prosseguir o trabalho de reforma no seu Gabinete, onde me encontrava apenas num período de três meses; sugeri que convidasse um professor. Dr. Aurélio disse-me então que considerava a falta de ânimo, de minha parte, para assumir o cargo. Então, o pedido estava desfeito. Em seguida, chegou a oportunidade de esclarecer que não se tratava de “falta de ânimo”, estaria disposto a aceitar o cargo. Estava presente, na ocasião, o secretário de Estado de Segurança Pública, Evandro do Carmo que, depois do encontro, do jeito dele, me falou:
De minha parte, no setor de Educação e Cultura, o Governo de Aurélio do Carmo, realizou: um programa de Alfabetização de Adultos, inclusive no interior do Estado; superação do déficit escolar, em mesmas condições (a professora Rosinha Pereira, além de sua participação política na Legião Magalhães Barata, o seu trabalho, na área da Educação, merece referência; treinamento de um grupo professores paulistas em Bragança e Capanema, incluindo, principalmente, os professores leigos.
A programação cultural, no governo de Aurélio do Carmo, foi efetivada, logo de início, contando com a participação de professores e estudantes, nas exibições da “Marujada” – dança popular bragantina, por ocasião dos festejos de São Benedito, no princípio do mês de dezembro – através de exibições tanto em Bragança como em Capanema.
Em diversos municípios do interior paraense, não faltou um trabalho de conscientização sobre a relevância da Educação e Cultura em termos de desenvolvimento econômico. Daí ações administrativas em favor do ensino pré-escolar, alfabetização de adultos e inauguração de estabelecimentos de ensino médio na capital e no interior. Houve a compreensão de que SEM EDUCAÇÃO NÃO PODERÁ HAVER DESENVOLVIMENTO.

Pádua Costa

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