quinta-feira, 12 de junho de 2008

POEMA 2

CARTA DA MINHA AUSÊNCIA

O exílio de meu sofrimento é um jardim diferente dos outros jardins.
Não tem canteiros de flores, rosas, papoulas, boas-noites, como aqueles que encantavam os passeios da minha infância, ao ser conduzido, pelas mãos carinhosas de Mãe Preta, nas calorosas tardes de uma Belém não muito distante.
No jardim do meu exílio, tem gramados verdejantes, em que passarelas de cimento fazem caminhos para criaturas vestidas de branco e que acreditam na eternidade de um mundo, diferente deste, de ilusões, na inquietude das transformações.
O dono do jardim do meu exílio é um Pai, bronzeado pela energia de uma Planície Transcendental.
Este Pai planta nos verdes gramados, que encobrem hoje o longínquo passado de uma civilização extinta, flores de luz, alegrando um futuro bem próximo, em que se dará o apoteótico encontro, com a eternidade perdida.
E nesse jardim tão diferente do meu exílio, lembrando o lar distante que eu sonhei vozes familiares, os livros, a cadeira amiga, na qual curti momentos de solidão, eu escrevi este poema como se fosse uma carta, a carta da minha ausência.

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