sábado, 28 de junho de 2008

CRÔNICA - RECOMEÇAR

Recomeçar
Trata-se de um dos temas a motivar reflexões, de um comportamento que nos proporciona a oportunidade de reviver novas experiências, no contexto de uma vida em que a ciência, aliada aos novos rumos da tecnologia, exige do ser humano um preparo a fim de entender os novos desafios do dia-a-dia.
Será que RECOMEÇAR “é dar uma nova chance a si mesmo?...” Vale acompanhar o pensamento do poeta maior Carlos Drumond de Andrade:
“Não importa onde você parou... em que momento da vida você cansou... o que importa é que sempre é possível e necessário “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo... é renovar as esperanças na vida e o mais importante... acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado... Chorou muito? Foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes? É porque fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido? Era o início de tua melhora,,,
Pois é... agora é hora de reiniciar... de pensar na luz... de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal um corte de cabelo arrojado... diferente? Roupas novas? Um novo curso... uma qualquer outra coisa. Olha quanto desafio... quanta coisa nova nesse mundo te esperando.
Está se sentindo sozinho? Besteira... tem tanta gente que você afastou com o seu “período de isolamento”...tem tanta gente esperando apenas um sorriso seu para “chegar” perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza... ficamos horríveis... o mau humor vai comendo nosso fígado... até a boca fica amarga. Recomeçar...
Hoje é um bom dia para começar novos desafios. Onde você quer chegar?
Vá alto... sonhe alto... queira o melhor do melhor... se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor... Só o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental... joga fora tudo que te prende ao passado... ao mundinho de coisas tristes... fotos... peças de roupa, bilhetes de viagem e toda aquela tranqueira que guardamos... jogue tudo fora... mas principalmente... esvazie seu coração... e fique pronto pra VIDA!
“Porque eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que os outros me enxergam.”
Na simplicidade desse texto de reflexões o poeta maior perenizou verdades incontestáveis a nos prender nesse “mundinho” ao qual nos apegamos. A Grande Arte é esvaziar o coração e ficar pronto e/ou saber usufruir da VIDA, com a Paz Universal, “não do tamanho que os outros me enxergam.”.
Pádua Costa

CRÔNICA - O AMIGO E O HOMEM PÚBLICO

Aurélio Corrêa do Carmo:
O amigo e o homem público

De quando em vez, verifica-se a divulgação de comentários sobre a realidade brasileira, no sentido de que se trata de um país de inevitáveis desenvolvimentos sem que uma infra-estrutura acompanhe estas etapas de novos caminhos em termos de sua economia. Por exemplo: hoje em dia, muito se fala na biodiversidade da Amazônia Legal e as vantagens do seu aproveitamento econômico. Todavia, tais observações, não poucas vezes, se perdem no tempo com interferências políticas inoportunas, evidentemente inadequadas para atender situações que reclamam procedimentos à base de racionalização do serviço público. Resultado: o único recurso dos mal - intencionados reside em críticas, direcionadas à desmoralização dos que exercem atividades no Poder Executivo, como se isso resolvesse os problemas de interesse coletivo. E a história se repete quando o grupo da oposição assume a situação política dos destinos nacionais.
Pessoalmente, Aurélio Corrêa do Carmo sempre foi um exemplo inatacável de extraordinária simplicidade. Eu o conheci quando já havia se graduado, em 1944, pela nossa antiga Faculdade de Direito, no ano de 1944, e exercia o cargo de promotor público da Comarca de Castanhal. Ainda solteiro, em suas permanências, em Belém, procurava a noiva, Maria de Lourdes, no Colégio “Paes de Carvalho” – Lourdes era minha colega de turma no estabelecimento. Uma respeitosa amizade marcou o nosso relacionamento, durante longo tempo.
Na função pública, o Dr. Aurélio sempre foi cordial com os colegas, competente e estudioso, exercendo cargos da maior importância, como a de Secretário do Interior e Justiça – se não me falha a memória – em um dos governos de Magalhães Barata, de quem era amigo. O nosso general Moura Carvalho foi outro amigo e figura da maior representatividade na política que conduziu Aurélio do Carmo ao Governo do Estado.
Encontrava-me no Gabinete do governador Moura Carvalho quando, certa manhã, o colega Aurélio do Carmo me procurou, em Palácio, informando que seria candidato, ao Governo do Estado e precisava de um colega de confiança para assumir o seu escritório de advocacia. Imediatamente, encerrei atividades no meu escritório particular para atender o amigo, vitorioso no pleito.
Não durou muito tempo, fui convocado para exercer a Chefia de seu Gabinete, com a exoneração do meu colega de turma (desde o “Paes de Carvalho” até na Faculdade de Direito), Paulo César de Oliveira que resolveu se candidatar a uma das vagas de deputado estadual.
Na Chefia do Gabinete, naturalmente com o prestígio do governador Aurélio do Carmo, consegui disciplinar o horário das audiências, com escala, antecipadamente, publicada na imprensa. Estive no Instituto “Rio Branco”, a capital federal ainda no Rio de Janeiro, onde obtive o cerimonial para adaptar às exigências do Governo em Belém.
Numa tarde, depois do almoço, recebi um telefonema da residência governamental. O Chefe do Executivo solicitava o meu comparecimento, o que o fiz de imediato. O governador solicitava que assumisse a Secretaria de Estado de Educação e Cultura. Ponderei a Sua Excelência a necessidade de prosseguir o trabalho de reforma no seu Gabinete, onde me encontrava apenas num período de três meses; sugeri que convidasse um professor. Dr. Aurélio disse-me então que considerava a falta de ânimo, de minha parte, para assumir o cargo. Então, o pedido estava desfeito. Em seguida, chegou a oportunidade de esclarecer que não se tratava de “falta de ânimo”, estaria disposto a aceitar o cargo. Estava presente, na ocasião, o secretário de Estado de Segurança Pública, Evandro do Carmo que, depois do encontro, do jeito dele, me falou:
De minha parte, no setor de Educação e Cultura, o Governo de Aurélio do Carmo, realizou: um programa de Alfabetização de Adultos, inclusive no interior do Estado; superação do déficit escolar, em mesmas condições (a professora Rosinha Pereira, além de sua participação política na Legião Magalhães Barata, o seu trabalho, na área da Educação, merece referência; treinamento de um grupo professores paulistas em Bragança e Capanema, incluindo, principalmente, os professores leigos.
A programação cultural, no governo de Aurélio do Carmo, foi efetivada, logo de início, contando com a participação de professores e estudantes, nas exibições da “Marujada” – dança popular bragantina, por ocasião dos festejos de São Benedito, no princípio do mês de dezembro – através de exibições tanto em Bragança como em Capanema.
Em diversos municípios do interior paraense, não faltou um trabalho de conscientização sobre a relevância da Educação e Cultura em termos de desenvolvimento econômico. Daí ações administrativas em favor do ensino pré-escolar, alfabetização de adultos e inauguração de estabelecimentos de ensino médio na capital e no interior. Houve a compreensão de que SEM EDUCAÇÃO NÃO PODERÁ HAVER DESENVOLVIMENTO.

Pádua Costa

segunda-feira, 23 de junho de 2008

POEMA 5

FUMAÇA DE CIGARRO

Nunca,
nunca pensei
que a tua amizade
fosse tão volátil
como a fumaça de cigarro

Quais bailarinas,
aos poucos,
esquecidas no espaço,
a tua amizade
se desfaz,
como um sonho
que não volta mais...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

POEMA 4

VENDEDORA DE ILUSÕES

Não encontrei, nos teus seios,
mais o perfume dos lírios.
És tão linda e bem mulher.
Mas a mentira, muito cedo,
ensombreceu as tuas carícias.
Vendedora de ilusões,
fazes de tua vida
uma angústia com disfarce de alegrias.

POEMA 3

PAI MANOEL

Quando nasceu, uma luz fulgurante brilhou no céu deste Brasil, predestinado às glórias de Deus.
Muita gente viu e disse que era um cometa.
O pensamento lapidava.
Ninguém se conhecia, como ainda hoje acontece.
Sua juventude não tem fim.
Duas estrelas se escondem na face bronzeada de um missionário que ensina e comprova o antes do ser deste mundo que passa.
Sofreu vicissitudes de um homem comum, mas é divino.
Sempre o foi, há milênios.
A consciência super cósmica é a sua própria consciência.
Transmite a cultura do Terceiro Milênio, unindo o mundo de origem, planície pura, limpa e perfeita, com este que se deformou, pelo esquecimento da responsabilidade do livre arbítrio.
Suas mãos, trêmulas de luz, também falam, elevam, alentam os que sofrem.
Suas mãos, trêmulas de luz, conduzem os filhos pródigos, que fizerem por onde se conhecer, ao caminho de volta à casa do Pai.
O seu amor não tem fim porque vem de cima, de onde as alturas do infinito não atingem, desse infinito que a deformação dos homens inventou para justificar as aparências, as ilusões do nada.
Tem a simplicidade dos sábios e é por isso que os escolhidos, sem demora, lhe entendem, para o sublime encontro, no deslumbramento da Apoteose Racional!

POEMA 2

CARTA DA MINHA AUSÊNCIA

O exílio de meu sofrimento é um jardim diferente dos outros jardins.
Não tem canteiros de flores, rosas, papoulas, boas-noites, como aqueles que encantavam os passeios da minha infância, ao ser conduzido, pelas mãos carinhosas de Mãe Preta, nas calorosas tardes de uma Belém não muito distante.
No jardim do meu exílio, tem gramados verdejantes, em que passarelas de cimento fazem caminhos para criaturas vestidas de branco e que acreditam na eternidade de um mundo, diferente deste, de ilusões, na inquietude das transformações.
O dono do jardim do meu exílio é um Pai, bronzeado pela energia de uma Planície Transcendental.
Este Pai planta nos verdes gramados, que encobrem hoje o longínquo passado de uma civilização extinta, flores de luz, alegrando um futuro bem próximo, em que se dará o apoteótico encontro, com a eternidade perdida.
E nesse jardim tão diferente do meu exílio, lembrando o lar distante que eu sonhei vozes familiares, os livros, a cadeira amiga, na qual curti momentos de solidão, eu escrevi este poema como se fosse uma carta, a carta da minha ausência.

POEMA 1

Mãe Preta


Mãe Preta, que saudades dos teus carinhos, cuidados, preocupações, de tuas estórias, na hora de dormir, nos meus tempos de criança.
Era uma vez...
Tudo passou, foi mudando, até as estórias.
Mãe Preta ficou velhinha.
O coração cansou, de tanto amar...
E certa vez vi Mãe Preta cercada de crianças, como a lhe pedir que contasse estórias.
Ela dormia um sono profundo, não percebia os pequeninos a sua volta.
Mãe Preta nunca mais despertou, foi embora para o céu...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Tempos do Teatro



Pelas ruas de Belém






















Imagens da minha vida de jornalista





















Discurso da cerimônia de posse da Cadeira 36 da Academia Paraense de Jornalismo

Certa vez, alguém disse que o caminho a nos conduzir a Deus é feito apenas de gratidão. O confrade Francisco Sidou, em carta que me endereçou, no dia 10 de junho passado, muito me sensibilizou. Atribuiu, a meu trabalho, “méritos ao longo de toda uma vida dedicada ao jornalismo sério e isento”, sugerindo a minha candidatura a uma das duas cadeiras vagas de membro perpétuo deste Silogeu. Na pessoa de Francisco Sidou, quero agradecer aos colegas que me proporcionaram, com o seu voto, a oportunidade de viver o significativo momento desta cerimônia de posse da Cadeira de número 36, tendo por patrono Edgar de Campos Proença e primeiro ocupante Edyr de Paiva Proença.
Comecei a me identificar com a fascinante atividade de imprensa no final da década de 30 quando, aluno do Colégio Salesiano Nossa Senhora do Carmo, fundei o Grêmio Literário Amazônico e os jornais “Amazônia”, com a finalidade de incentivar as vocações literárias, e “O Dardo” destinado a criticas. De início, eram manuscritos, depois datilografados, com apresentação imitando os planejamentos gráficos dos jornais impressos. Mesmo nesse tempo, cheguei a colaborar na revista “A Semana”.
Ainda dessa época, gratificante é para mim a lembrança da oportunidade de haver participado, com Haroldo Maranhão e Ossian Brito, da elaboração do periódico “O Colegial” que divulgava os eventos estudantis e os trabalhos que revelavam vocações para a arte literária e o jornalismo.
No principio dos anos 40 me profissionalizei como revisor no antigo “O Estado do Pará”, tendo como redator-chefe Santana Marques. Na redação do jornal da família Chermont, conheci figuras representativas do jornalismo e da literatura paraense: De Campos Ribeiro, Sandoval Lage, Ângelus Nascimento, Machado Coelho, Dulcidio Barata, Ritacínio e Flaviano Pereira; na “Folha do Norte” e “Folha Vespertina”, o poeta Tomaz Nunes, José Santos, Ossian Brito, Armando Mendes, sob a direção do notável professor Paulo Maranhão. Retornei ao “O Estado” na condição de redator. Em 1949, ingressei no quadro redacional de “A Província do Pará”, dos “Diários Associados”, nos tempos de Alfredo Sales, Pedro Santos, Nilo Franco, Mário Couto, Cláudio Sá Leal, Eládio Malato, Jaime Barcessat, Mário Rocha, Linomar Bahia, Almeida Castro, sob a direção do extraordinário estudioso dos problemas amazônicos, o jornalista Frederico Barata. Peço desculpas pela omissão involuntária de nomes de companheiros de uma época mais discreta em suas lembranças, devido a distância do tempo.
O exercício da advocacia e as funções públicas não me ausentaram da formação profissional, influenciadas por três mestres do jornalismo no Pará: Paulo Maranhão, Santana Marques e Frederico Barata. Atualmente, exerço atividades no “Diário do Pará”, sob a superintendência do jornalista combativo na hora precisa; lidera uma administração compatível com as transformações pelas quais passa o jornal que fundou, numa época em que se lutava pela redemocratização do País. Quero mencionar o fraterno amigo Laércio Barbalho, a quem expresso, de público, a minha gratidão.
Enaltecer a personalidade de Edgar Proença é recordar o homem simples, cordial, o primeiro colunista social da imprensa brasileira – como bem há poucos dias me lembrou a confrade José Valente – o poeta, teatrólogo, o “ma-gué-nhé-feco” geralmente bem humorado; o Miracy, pseudônimo com que assinava os “Gravetos”, Edgar Proença tinha afeição acentuada pela sua Rádio Clube do Pará – “a voz que fala e canta para a Planície” e o Teatro da Paz que dirigiu até se aposentar.
Cabe-me, a essa altura, homenagear a memória de Edyr Proença, destacando trechos de seu discurso de posse na presidência dessa Academia – documento que expressa a ternura de um filho não conformada com a eterna ausência física do pai ilustre. Sobre tal sentimento, Edyr se considerava compromissado em se expressar: “Dele devo falar apaixonadamente em especial porque é o patrono da Cadeira 36 deste Silogeu, a cadeira que generosamente me foi destinada”.
Edyr recorda que nos seus sete e oito anos de idade, surpreendeu o pai, ao entregar-lhe à mesa do café, “duas noticias rabiscadas com uma letra ainda inestética, de principiante, pedindo-lhe pretensiosamente que a publicasse. Dele ganhei umas linhas onde se confundem sua sabedoria, experiência, vaidade e poder de síntese, numa autêntica aula que só mais tarde foi possível aquilatar”. As notas foram incluídas numa crônica “O Jornalista” que Edgar Proença assinou na revista “A Semana”, da qual era editor. Na crônica, ainda uns conselhos: “A sorte do Edyr”, se vingar jornalista, está ser sempre reto e nunca recuar (...). “Mas eu o escrevi para que, daqui a anos, em luta com a vida, em face das contradições e vaidades, possa ele, então, oportunamente, servir-se desses meus conselhos”.
Sobre essa lembrança paterna que lhe deve ter sido inesquecível por toda a sua vida, Edyr se expressou: “Ah, se eu ainda o tivesse até hoje! Mas foi debaixo desses conselhos que logo estava trocando um título de bacharel em Direito por uma máquina de escrever e um microfone, oferecendo o diploma àquela que tanto me estimulou carinhosamente, minha mãe”.
Ao terminar, cabe-me agradecer as generosas referências de Ubiratan Rosário, nesta cerimônia, reunindo autoridades e figuras representativas da imprensa e da nossa sociedade, transparecendo a importância da Academia Paraense de Jornalismo, realização do ideal de Donato Cardoso e dos confrades que se relacionam entre os fundadores. E faz lembrar um pensamento de Saint Exupéry: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.

Pádua Costa